Desde que cheguei ao samba, já lá vão seguramente 26 anos, que ainda não consigo explicar tão bem a minha paixão pela Portela!Nos anos 80, não tínhamos em Portugal livre acesso ao mundo do samba como a internet assegura para as novas gerações nos dias de hoje. O acesso à informação era mesmo um caminho tortuoso. Naquele tempo, as K7 eram rainhas. E havia o passa palavra...Alguém arranjava um vinil e era a festa garantida! Outros tempos...um destes dias, farei uma incursão pela forma como entrei neste mundo do samba, ainda numa fase bastante embrionária deste ritmo em Ovar, ainda nos seus tempos de sedução...A Portela, para além daquele azul e branco e do abre alas da águia azul e branca, tinha uns sambas fantásticos e melodiosos, com letras poéticas e cativantes. A Portela enchia a avenidae arrebatava o povão!Na ânsia de se comercializar, por força do seu jejum vitorioso, a Portela desencaixou um pouco do seu encanto. Este ano, já saiu com um samba-enredo a recordar os velhos temas de outrora. Parece que está a querer recuperar, com uma fortíssima ala de compositores a querer trazê-la de novo para a ribalta!Tem, sem qualquer dúvida, das melhores composições existentes no samba!E foi assim, pela poesia me tornei Portelense!
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
Ismael Silva
Ismael Silva foi o fundador da Escola de Samba Deixa Falar do Estácio. Foi compositor e sambista. Como era normal naquela época, teve vários percalços na vida. Mas o samba era um refúgio de alta garantia!
As escolas de samba.
A emancipação das escolas de samba no Rio de Janeiro foi fruto de uma acção de rua. O samba cresceu nas ruas, nas festas e no carnaval. Tudo começa no Estácio com a Deixa Falar e o seu criador Ismael Silva, com a Portela (primeiramente como Conjunto Oswaldo Cruz) e a Mangueira. Este trio fez a génese das escolas de samba e, de certa forma, ainda hoje perdura apesar de todas as transformações que o samba obteve desde então. O primeiro desfile aconteceu na Praça Onze em 1932. Reza a história que a Mangueira saiu vencedora desse desfile. No entanto, foi a deixa Falar que contribuiu grandemente com género musical (samba moderno), o cortejo capaz de desfilar sambando, o conjunto de percussão, sem a utilização de instrumentos de sopro e a ala das baianas. Outros pormenores se vieram acrescentando ao longo dos tempos...Hoje, o desfile é um dos mais espectaculares cartazes existentes à face da Terra!
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Nas festas...
Podemos dizer que é fantástico todo o percurso do samba! Toda a sua evolução e a sua riqueza musical. São tantos os compositores que o abordaram e fizeram a sua carreira neste estilo musical. Para além disso, conseguiram, com o seu talento, criar novas variantes, novos ritmos...nunces que marcaram épocas e que se eternizaram. É apaixonante falar dos compositores do samba!Há um infindável número à nossa frente, de quem se pode falar e ouvir todas as composições maravilhosas que foram criadas!
Quando pensamos em carnaval, pensamos em festas e bailes. Quantas vezes ouvimos aquela marchinha, aquele samba, mas que não imaginamos quem foi o seu autor? Faz parte do nosso imaginário, da nossa infância, cantamos a toda a hora e conhecemos a letra de trás para a frente, da frente para trás...Mas o seu criador? Oooops, desconheço!Quantas vezes...
Deixo aqui duas das minhas preferidas interpretadas pelos seus compositores.
País Tropical
Jorge Ben Jor
Benito di Paula
Charlie Brown
terça-feira, 28 de agosto de 2012
De onde veio o samba?
Este imenso género musical, para além da sua componente harmoniosa do que chega aos nossos ouvidos, tem também uma vertente social bastante vincada. Inúmeros historiadores, sim, historiadores, já fizeram incursões por esses extensos labirintos que o samba abiru na sociedade brasileira. Não raras vezes ele foi apontado ao advento das classes mais baixas e pobres, que por via do seu talento, se destacava desta forma, transportando estas capacidades para as ruas cariocas. Se a denominada MPB ( Música Popular Brasileira) teve impulso através do samba, muitas vezes, amistosamente relacionada também com a bossa nova e o jazz, não é menos verdade que foi o samba a ancorar um país adormecido e, através dele, a lançar um verdadeiro grito do Ipiranga contemporâneo perante a ditadura militar...Pelas suas letras, os sentimentos eram transmitidos e funcionava sempre como um impulso e uma esperança no futuro. Muitos são os compositores que deixaram a sua marca neste contexto social complicado e censurado, aliás, algo que é transversal a vários países de diferentes hemisférios.
É um facto, intransmissível, que enveredar pelo estudo do samba pode levar a variadas conclusões e até a diferenças de opinião. Há situações que não estão registadas e os anos marcaram a distância dos acontecimentos. Mas não deixa de ser encantador estudar todo o seu movimento e toda a história que demandou desde a casa da Tia Ciata, daí a origem baiana do ritmo e da sua origem vir da dança e da influência negra. Também interessante a centralidade da Praça Onze em todo o seu crescimento, bem como as tertúlias à volta de instrumentos e das palmas, dentro de casa ou no quintal. Pixinguinha foi um dos seus maiores expoentes na época. O samba era conotado com estas faixas sociais, com quem se relacionava ao mesmo tempo a rebeldia, sendo, por isso, quase desprezado e criminalizado. Estes encontros seriam, então, feitos na clandestinidade. Portanto, era comum a debandada da polícia a casa de Tia Ciata para fazer os devidos reparos. E foi neste tipo de ambiente que Donga criou o seu "Pelo telefone", considerado por todos como o primeiro samba a surgir na esfera musical e a ser gravado para a posteridade.
O samba sacrificou-se, foi perseguido, mas resistiu, tendo seguido um rumo de carnaval de rua, ou seja, incorporou-se nas festividades carnavalescas e ganhou uma dimensão mais de acordo com a sua realidade, de música de massas, mas com qualidade e humildade. Foi neste contexto que se deu o crescimento dos blocos carnavalescos em Estácio e Osvaldo Cruz, e dos morros da Mangueira, Salgueiro e São Carlos no Rio de Janeiro. Como todos sabem, foi a génese das actuais escolas de samba e criadoras do gigantesco carnaval, cartaz turístico carioca. Paralelamente, neste crescimento, abriu-se a toda a sociedade carioca, aparecendo novos compositores e envolvendo toda a sociedade, como trajecto natural e revelador de toda uma cultura. Ao mesmo tempo, começava-se a transmitir sambas na rádio, espalhando por todos os cantos a qualidade de um estilo musical muito próprio e contagiante.
Após este nascimento e infância muito complicados, o samba progrediu, variou, mas estabeleceu-se de alma no grandioso Brasil, chegando além fronteiras, onde é também adorado por comunidades locais, não integrando obrigatoriamente cidadãos brasileiros. O pagode e a batucada ganharam espaço e são representantes altaneiros desta cultura brasileira.
Atendendo à história, à sua raíz , à perseguição de que foi alvo e à própria cultura que ele transmite, este samba combina com talento, amor, dedicação e humildade. Sente-se!Por mim falo. Mas nada mais se ambiciona, porque perante a sua dimensão, a sua riqueza e a sua estrutura, vale apenas sentar e...ficar!
Carlos Oliveira/ agosto de 2012
Carlos Oliveira/ agosto de 2012
Linguagem do morro...
Esta composição em parceria de Padeirinho, foi eternizada pelo também excelente compositor João Nogueira, pai do cantor Diogo Nogueira. Mais tarde, foi também Beth Carvalho que trouxe este samba para a ribalta e que ficou nos ouvidos das novas gerações!
Um jeito humilde de levar a vida...
Ser doutor ou aplicar esta sigla no cartão do banco ou nos recibos da EDP, não representa, por si só, o estatuto ou a elevação a mito para a eternidade. O talento, felizmente, não exige curso. A inspiração e a humildade são as condições necessárias. Não é preciso levitar, nem deixar de ter os pés no chão. E, uma vez chegado o reconhecimento, há que saber estar, para que não nos apontem um dedo, de sorriso aberto, na hora da nossa queda...Padeirinho, um dos mais talentosos compositores cariocas e brasileiros, é o exemplo eterno de como a simplicidade e a humildade no meio artístico são meios para perdurar a arte. Abandonado pela mãe, consta-se que viveu nas ruas e dormia nas padarias onde o pai trabalhava, daí a sua alcunha. Esta peça ilustra bem a sua postura e a forma como venceu na vida, apesar das contrariedades. A aprender é com homens deste calibre!Sendo agora mais uma ilustre estrela que compõe e canta no firmamento!E não cai no esquecimento!Nem na Mangueira, nem no samba!
O samba é meu dom!
Wilson das Neves (Rio de Janeiro - 14 de Junho de 1936) é um baterista, cantor e compositor brasileiro.
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
O meu carnaval tem samba...
Ouvi,
senti e decidi…
Quero
ritmo, aprender, só aprender e mais nada!
Quero
vibrar no meio dessa longa batucada!
Experimentando
um a um, de madrugada,
Um
tamborim, um surdo, uma caixa,
Horas
sem fim até que o sol se levanta.
Em
cada emoção sugerida pela voz que canta,
O
ritmo se enfurece, o sentido se perde
Por
entre lágrimas, o suor e muita sede…
Pasmei,
desfilei, não mais parei…
Continuei
a sentir na rapidez de descontrolados movimentos…
Longos
e inesquecíveis momentos.
Hoje,
na sensatez da idade,
Na
madrugada que não acaba na claridade,
Ainda
há quem se lembra
Que
desde então,
O
meu Carnaval tem samba!
O samba é meu dom.
O samba é meu dom
Aprendi bater samba ao compasso do meu coração
De quadra, de enredo, de roda, na palma da mão
De breque, de partido alto e o samba-canção
O samba é meu dom
Aprendi dançar samba vendo um samba de pé no chão
No Império Serrano, a escola da minha paixão
No terreiro, na rua, no bar, gafieira e salão
O samba é meu dom
Aprendi cantar samba com quem dele fez profissão
Mário Reis, Vassourinha, Ataulfo, Ismael, Jamelão
Com Roberto Silva, Sinhô, Donga, Ciro e João
O samba é meu dom
Aprendi muito samba
Com quem sempre fez samba bom
Silas, Zico, Aniceto, Anescar, Cachinê, Jaguarão
Zé com Fome, Herivelto, Marçal, Mirabô, Henricão
O samba é meu dom
É no samba que eu vivo
Do samba é que eu ganho o meu pão
E é no samba que eu quero morrer
De baqueta na mão
Pois quem é de samba
Meu nome não esquece mais não
de Wilson das Neves
Aprendi bater samba ao compasso do meu coração
De quadra, de enredo, de roda, na palma da mão
De breque, de partido alto e o samba-canção
O samba é meu dom
Aprendi dançar samba vendo um samba de pé no chão
No Império Serrano, a escola da minha paixão
No terreiro, na rua, no bar, gafieira e salão
O samba é meu dom
Aprendi cantar samba com quem dele fez profissão
Mário Reis, Vassourinha, Ataulfo, Ismael, Jamelão
Com Roberto Silva, Sinhô, Donga, Ciro e João
O samba é meu dom
Aprendi muito samba
Com quem sempre fez samba bom
Silas, Zico, Aniceto, Anescar, Cachinê, Jaguarão
Zé com Fome, Herivelto, Marçal, Mirabô, Henricão
O samba é meu dom
É no samba que eu vivo
Do samba é que eu ganho o meu pão
E é no samba que eu quero morrer
De baqueta na mão
Pois quem é de samba
Meu nome não esquece mais não
de Wilson das Neves
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